terça-feira, 24 de maio de 2011

"Um belo dia resolvi mudar
E fazer tudo o que eu queria fazer
Me libertei daquela vida vulgar
Que eu levava estando junto à você..."
*Oswaldo Guayasamín
 
"Esta velha angústia,
Esta angústia que trago há séculos em mim,
Transbordou da vasilha,
Em lágrimas, em grandes imaginações,
Em sonhos em estilo de pasadelo sem terror,
Em grandes emoções súbitas sem sentido nenhum.
Transbordou.
Mal sei como conduzir-me na vida
Com este mal-estar a fazer-me pregas na alma!
Se ao menos endoidecesse deveras!
Mas não: é este estar entre,
Este quase,
Este poder ser que...,
Isto."

#Fernando Pessoa

segunda-feira, 23 de maio de 2011


"O que eu adoro em ti
Não é a tua inteligência
Mas é o espírito sutil
Tão ágil e tão luminoso 

[...]
 
O que adoro em ti lastima-me e consola-me
O que eu adoro em ti é a vida! "


Manuel Bandeira
"[...]
Yeh, you've got that something,
I think you'll understand.
When I'll feel that something
I wanna hold your hand..."

" [...]
Você tem aquela coisa especial,
Acho que você vai entender.
Quando sinto aquela coisa
Eu quero segurar a sua mão..."
#Beatles_ I Want to hold your hand

domingo, 22 de maio de 2011



"Ela sorriu, virou-se para mim com um ar de gazela e mostrou-se a mim de corpo inteiro. Cada palmo do quarto parecia saturado de sua intimidade. Não se estava em pura carne, pois tinha nas orelhas uma flor venenosa de pétalas alaranjadas, como a Olímpia de Manet, e também usava uma escrava de ouro no pulso direito e uma gargantilha de pérolas miúdas..."

*Garcia Márquez

Memória de minhas putas tristes


"Ignorava as manhas da sedução e sempre tinha escolhido ao acaso as noivas de uma noite, mais pelo preço que pelos encantamentos, e fazíamos amores sem amor, meio vestidos na maior parte das vezes sempre na escuridão para imaginar-nos melhores. Naquela noite descobri o prazer inverossímil de contemplar, sem angústia dos desejos e o estorvo do pudor, o corpo de uma mulher adormecida" [p.35]


Gabriel Garcia Márquez

sábado, 21 de maio de 2011



"...Que beleza de paisagem
Fomos rumo a Belém

Agora que é tempo

Colher fruta madura no vento
Pequi não sai do meu pensamento
Bacia cheia de manga bourbon..."



#Viagem_ Vanessa da Matta

quarta-feira, 18 de maio de 2011

terça-feira, 17 de maio de 2011


"Brumoso, inchado, ando cabeludo lá por dentro, como se todas as tripas tivessem cabeleiras e todas se enroscassem, ando cheio de nós de angústia, de tormentos, por pertencer a um corpo que não entendo, nem entendo o mínimo, nem as unhas, nem o dedo mindinho, sinistro como um odre cheio de visgo negro"

Hilda Hilst

segunda-feira, 16 de maio de 2011


"Tudo se esvai, tudo se dilui, não é mesmo? e a carne vai ficando triste e sarapintada e não há mais amor nem sonhos"

Hilda Hist


"Põe mais um na mesa de jantar
Porque hoje eu vou "praí" te ver
E tira o som dessa TV
Pra gente conversar"



"As vezes ando só, trocando passos com a solidão
Momentos que são meus, e que não abro mão"

domingo, 15 de maio de 2011

 
"Pertenço, porém, àquela espécie de homens que estão sempre na margem daquilo a que pertencem, nem vêem só a multidão de que são, senão também os grandes espaços que há ao lado. Por isso nem abandonei Deus tão amplamente como ele, nem aceitei nunca a Humanidade."
 
*Fernando Pessoa

"Nasci em um tempo em que a maioria dos jovens haviam perdido a crença em Deus, pela mesma razão que os seus maiores a haviam tido — sem saber porquê. E então, porque o espírito humano tende naturalmente para criticar porque sente e não porque pensa, a maioria desses jovens escolheu a Humanidade para sucedâneo de Deus."

Fernando Pessoa

"Espalhe que o amor não é banal. E que, embora estejam distorcendo o sentido verdadeiro dele nos tempos modernos de hoje, ele existe e é o ingrediente mais importante da vida..."

#Mário Quintana

"...tá tudo bem
Sereno é quem tem
A paz de estar em par com Deus
Pode rir agora
Que o fio da maldade se enrola 
Pra nós, todo o amor do mundo
Pra eles, o outro lado"


#Los Hermanos: Morena.

" Me espera amor que estou chegando, depois do inverno a vida em cores..." 

*Leoni
"-O que me interessava sobretudo é sentir,acumular desejos,encher-me de mim mesmo.A realização abre-me,deixa-me vazio e saciado"

Clarice Lispector. 

sábado, 14 de maio de 2011

Não é Fácil



Não é fácil

Não pensar em você

É estranho
Não te contar meus planos
Não te encontrar

Todo dia de manhã
Enquanto tomo meu café amargo
É, ainda boto fé
De um dia te ter ao meu lado

Na verdade eu preciso aprender
Não é fácil, não é fácil

Onde você anda
Onde está você
Toda vez que saio
Me preparo pra talvez te ver

Na verdade eu preciso esquecer
Não é fácil, não é fácil

[...]

O que eu faço
O que posso fazer?
Não é fácil
Não é fácil

Se você quisesse ia ser tão legal

Acho que eu seria mais feliz

Do que qualquer mortal

Na verdade não consigo esquecer

Não é fácil

É estranho


Marisa Monte

Eleanor Rigby


All the lonely people
Where do they all come from?
All the lonely people
Where do they all belong?


Todas as pessoas solitárias
De onde todas elas elas vem?
Todas as pessoas solitárias
De quem elas pertencem?


Para crianças! xD



Chapeuzinho não se conteve de curiosidade, e perguntou:
- Vovó, a senhora está tão diferente: por que esses olhos tão grandes?
- É prá te olhar melhor, minha netinha.
- Mas, vovó, por que esse nariz tão grande?
- É prá te cheirar melhor, minha netinha.
- Mas, vovó, por que essas mãos tão grandes?
- São para te acariciar melhor, minha netinha.
(A essa altura, o lobo já estava achando a brincadeira sem graça, querendo comer logo sua sobremesa. Aquela menina não parava de perguntar...)
- Mas, vovó, por que essa boca tão grande?
- Quer mesmo saber? É prá te comer!!!!
"...Matou a avó, despejou eu sangue numa garrafa e cortou sua carne em fatias, colocando tudo numa travessa. Depois, vestiu sua roupa de dormir e ficou deitado na cama, a espera. Pam, pam !. Entre, querida. Olá vovó. Trouxe para a senhora um pouco de pão e leite. Sirva-se também de alguma coisa. Há carne e vinho na copa. A menina comeu o que lhe era oferecido e, enquanto o fazia, um gatinho disse: Menina perdida! Comer a carne e beber o sangue da sua avó! Depois o lobo disse: Tire a roupa e deite-se na cama comigo. Onde ponho o avental? Jogue no fogo. Você não vai mais precisar dele. Para cada peça de roupa – corpete, saia, anágua e meias – a menina fazia a mesma pergunta. E cada vez, o lobo respondia: Jogue no fogo. Você não vai precisar mais dela. Quando a menina se deitou na cama, disse: Ah, vovó! Como você é peluda! É para me manter mais aquecida, querida. Ah, vovó! Que ombros largos você tem! É para carregar melhor a lenha, querida! (...) Até que ela perguntou: Ah, vovó! Que dentes grandes você tem! É para comer melhor você, querida! E ele a devorou”.

Versão de Perrault 





Toalha molhada
Lâmpada acesa
Cidade parada
Tudo é você
Vento na saia
TV ligada
Espelho d'água
Tudo é você
[...]
A luz na cozinha
Toda azulejada
Madrugada afora
Nuvem de chuva
Guitarra plugada
Noite estrelada
Onda que quebra
Sol na janela
canção de novela
Já passa da hora
E eu preciso
Do seu beijo agora

sexta-feira, 13 de maio de 2011

terça-feira, 10 de maio de 2011

A Lagarta e EU.


"Quem é você?", perguntou a Lagarta.

"É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer, porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto, como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo. Me deram um nome e me alienaram a ele."

"O que você quer dizer com isso?", perguntou a Lagarta severamente. "Explique-se!"

"Eu sou um homem fechado, o mundo me tornou egoísta e mau. Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte disso, tenho em mim todos os sonhos do mundo .Eu receio que não posso colocar isso mais claramente"  replicou bem polidamente.

"Você!", disse a Lagarta desdenhosamente. "Quem é você?" O que as trouxe novamente para o início da conversação.

"Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato... Ou toca, ou não toca. Meu Deus, só agora me lembrei que a gente morre. Mas - mas eu também?! Não esquece que por enquanto é tempo de morangos. Sim."

"Bem, talvez seus sentimentos possam ser diferentes", finalizou, "tudo o que eu sei é: é muito estranho para mim"


'Who are you ?' , said the Caterpillar.


A Lagarta e Alice olharam-se uma para outra por algum tempo em silêncio: por fim, a Lagarta tirou o narguilé da boca, e dirigiu-se à menina com uma voz lânguida, sonolenta.


"Quem é você?", perguntou a Lagarta.

Não era uma maneira encorajadora de iniciar uma conversa. Alice retrucou, bastante timidamente: "Eu - eu não sei muito bem, Senhora, no presente momento - pelo menos eu sei quem eu era quando levantei esta manhã, mas acho que tenho mudado muitas vezes desde então.

"O que você quer dizer com isso?", perguntou a Lagarta severamente. "Explique-se!"

"Eu não posso explicar-me, eu receio, Senhora", respondeu Alice, "porque eu não sou eu mesma, vê?"

"Eu não vejo", retomou a Lagarta.

"Eu receio que não posso colocar isso mais claramente", Alice replicou bem polidamente, "porque eu mesma não consigo entender, para começo de conversa, e ter tantos tamanhos diferentes em um dia é muito confuso."

"Não é", discordou a Lagarta.

"Bem, talvez você não ache isso ainda", Alice afirmou, "mas quando você transformar-se em uma crisálida - você irá algum dia, sabe - e então depois disso em uma borboleta, eu acredito que você irá sentir-se um pouco estranha, não irá?"

"Nem um pouco", disse a Lagarta.

"Bem, talvez seus sentimentos possam ser diferentes", finalizou Alice, "tudo o que eu sei é: é muito estranho para mim."


LEWIS CARROLL _ Alice no país das maravilhas

segunda-feira, 9 de maio de 2011

terça-feira, 3 de maio de 2011


"Sentir tudo de todas as maneiras,
Viver tudo de todos os lados,
Ser a mesma coisa de todos os modos possíveis ao mesmo tempo,
Realizar em si toda a humanidade de todos os momentos
Num só momento difuso, profuso, completo e longínquo.

[...]

Poder rir, rir, rir despejadamente,
Rir como um copo entornado,
Absolutamente doido só por sentir,
Absolutamente roto por me roçar contra as coisas,
Ferido na boca por morder coisas,
Com as unhas em sangue por me agarrar a coisas,
E depois dêem-me a cela que quiserem que eu me lembrarei da vida."


Fernando Pessoa. Passagem das Horas.

"Trago dentro do meu coração,
Como num cofre que se não pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei,
Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero."

Fernando Pessoa [Álvaro de Campos].PASSAGEM DAS HORAS

segunda-feira, 2 de maio de 2011

No fundo todos somos loucos...


"Nesta direção", disse o Gato, girando a pata direita, "mora um Chapeleiro. E nesta direção", apontando com a pata esquerda, "mora uma Lebre de Março. Visite quem você quiser quiser, são ambos loucos."
"Mais eu não ando com loucos", observou Alice.
"Oh, você não tem como evitar", disse o Gato, "somos todos loucos por aqui. Eu sou louco. Você é louca".
"Como é que você sabe que eu sou louca?", disse Alice.
"Você deve ser", disse o Gato, "Senão não teria vindo para cá."

Alíce no País das Maravilhas