sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

FAXINA NA ALMA


Não importa onde você parou...em que momento da vida você cansou...
O que importa é que sempre é possível e necessário recomeçar.
Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo...
E renovar as esperanças na vida e o mais importante, acreditar em você de novo.
Sofreu muito nesse período? foi aprendizado...
Chorou muito?  foi limpeza da alma...
Ficou com raiva das pessoas?  foi para perdoá-las um dia...
Sentiu-se só por diversas vezes? é porque fechaste a porta até para os anjos...
Acreditou que tudo estava perdido? era o início de sua melhora...
Pois é... agora é hora de reiniciar... de pensar na luz...
De encontrar prazer nas coisas simples de novo.
Que tal um novo emprego?
Uma nova profissão ?
Um corte de cabelo arrojado, diferente?
Um novo curso...Ou aquele velho desejo de aprender a pintar...
Desenhar... dominar o computador... ou qualquer outra coisa...
Olha quanto desafio... quanta coisa nova nesse mundão de meu Deus te esperando.
Esta se sentindo sozinho? besteira...
Tem tanta gente que você afastou com o seu "período de isolamento"...
Tem tanta gente esperando apenas um sorriso teu para "chegar" perto de você.
Quando nos trancamos na tristeza...nem nós mesmos nos suportamos...
Ficamos horríveis...o mal humor vai comendo nosso fígado...até a boca fica amarga.
Recomeçar... hoje é um bom dia para começar novos desafios
Onde você quer chegar?
Ir alto... sonhe alto... queira o melhor do melhor...
Queira coisas boas para a vida...
Pensando assim trazemos para nós aquilo que desejamos...
Pensando pequeno... coisas pequenas teremos...
Já se desejarmos fortemente o melhor e principalmente lutarmos
Pelo melhor...o melhor vai se instalar na nossa vida.
E é hoje o dia da faxina mental...
[...]
Porque somos do tamanho daquilo que vemos, e não do tamanho da nossa altura.

Carlos Drummond Andrade  

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

"Como nascem as estrelas"

Ela acreditava em anjo e, porque acreditava, eles existiam. Acreditava mais ainda, acreditava que podia ser feliz, mesmo criança era capaz de ter pensamentos complexos, e acredite ela mesma era complexa. Muito esperta ela sabia a hora certa de falar coisas inteligentes, ou melhor...coisas que os adultos achavam que eram inteligentes para uma criança de sua idade. Desde muito cedo detinha-se a ler livros muito complexos, livros considerados de gente grande. A verdade é que ela não conseguia passar do plano superficial do texto, lia o suficiente para entender o enredo, para depois contar com grande satisfação para os mais velhos, os quais a olhavam com admiração e sorriso. Mas amor mesmo, ela sentiu quando conseguiu entender mais tarde, o que aqueles contos traziam por trás de suas palavras tão bem arrumadas, e relendo algumas obras ria de si mesma. Não lembrava exatamente o que sentiu ao entender que Dom Casmurro não era tão linear assim, e que a pressa com que lia atropelava pela metade os diversos sentidos do texto.





Entediava-se em olhar da janela de casa as pernas que vem e vão “para que tanta perna, meu Deus?” pensava ela, tão fartas, tão cansadas. Gostava de atribuir uma nova função aquela rua, então olhava fixamente para os ladrilhos da Cidade Velha, em uma rua inacessível a todos os pensamentos, com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres, perdia-se em pular de um para o outro, sem poder cair, sem poder se desequilibrar, porque no fundo acreditava no mundo, acreditava em si, e brincava, caminhava, corria para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente.




Na época de verão propriamente dito, abria a janela de par em par, respirava fundo como se quisesse sentir todos os cheiros de uma só vez. Gostava da luz, sentia a liberdade entrar em casa, entrar dentro de si. Sentia a natureza em todas as fibras. Aquele dia era lindo. Um sol mansinho, como se nascesse naquele instante, cobria as flores e a relva. Eram quatro horas da tarde. Ao redor o silêncio. Sua imaginação lhe permitia ir além, viver lhe ultrapassava qualquer entendimento. Então se debruçava sobre a janela, imagina...imaginava...criava...recriava...sorria sozinha, falava sozinha. Nesse momento era permitido fabular, ninguém a tomaria como mentirosa, e sim como esperta, criativa. Divertia-se em imaginar que por além daquela janela existia um rio, com um navio, de um sheik muito rico, dono de terras e petróleo, vindo das histórias de sherazade, digno realmente de mil e uma noite, de princesas e reinos. Este vinha lhe pedir conselhos de como tratar suas mulheres, e ela esperta como era, passava hooooras lhe dando conselhos falando com propriedade, o sheik a olhava com admiração prestando atenção em tudo o que ela dizia, porque tudo, exatamente tudo era muito importante. Depois de compreender o ensinamento, ele se despedia dela, lhe deixava muitas joias, voltava feliz para o seu navio. Ela ria, então pensava “lógica pra que lógica?” “quem disse que isso tinha lógica?” Então achava melhor imaginar, em vez de navio, um tapete mágico. 
 
Assim, passava os dias, as tardes a brincar, a se divertir consigo mesma. Criando, recriando, e fabulando. Sua histórias não começavam com “era uma vez...” como se espera de uma criança, nesse ponto ela se diferenciava das demais meninas de sua idade, e sabia disso, só quem não sabia era a professora que lhe exigia no começo de sua histórias o “era um vez...” o que ela fazia só pra agradar, algo que era quebrado sem coesão nem coerência, algo mais ou menos assim: “Era uma vez...portanto a menina era feliz” Escrevia assim para irritar a professora, gostava de escrever do seu jeito, à sua maneira, e nas suas histórias não tinha “era uma vez...”. Nunca ganhava os concursos de redação da escola, até o dia em que mudou de instituição, escreveu, e sua nova professora lhe percebeu a sensibilidade, sua sensibilidade incomodava sem ser dolorosa, como uma unha quebrada, e se quisesse podia permitir-se o luxo de se tornar ainda mais sensível, ainda podia ir mais adiante...

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010


"No dia que a universidade me atestou [...] confesso que me achei de algum modo logrado, ainda que orgulhoso. Explico-me: o diploma era uma carta de alforria; se me dava liberdade, dava-me a responsabilidade"

Memórias Póstumas de Brás Cubas

sábado, 4 de dezembro de 2010


"Virgília deixou-se de pé; durante algum tempo ficamos a olhar um para o outro, sem articular palavra. Quem diria? De dois grandes namorados, de duas paixões sem freio, nada mais havia ali, vinte anos depois; havia apenas dois corações murchos, devastados pela vida e saciados dela, não sei se em igual dose, mas enfim saciados" (p.21)




-Memórias póstumas de Brás Cubas

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

"Canta para mim, qualquer coisa assim sobre você
Que explique a minha paz
Tristeza nunca mais"


-Los Hermanos [ Casa pré-fabricada]
"Sofro por saber que não sou eu quem vai te convencer
Que cada dia a mais é um a menos pro encontro acontecer
E eu fico sozinho, esperando por você, meu bem-querer..."



-Los Hermanos
[Fingi na hora rir]

"Vou levando assim que o acaso é amigo do meu coração"

-Los Hermanos [O velho e o Moço]