terça-feira, 29 de novembro de 2011

"Paciência, paciência! Tudo isso há de passar [...] 
nada é mais perigoso para nós do que a solidão"

Goethe. In: Werther. 

"Em meio a uma multidão de estranhos, completamente estranhos ao meu coração, não tive um único momento em que o meu coração me impelisse a escrever-lhe"

Goethe. In. Werther. 

"Que gente esta, cuja alma está inteiramente amarrada à etiqueta, aplicando, durante anos, todos os seus pensamentos e esforços a manter-se rigidamente à mesa [...] Passam por mim arrebitando o nariz e olhando do alto, desdenhosamente, como compete a tão altas personagens. Como toda essa raça me é cordialmente antipática"

Goethe. In: Werther.
"Conta-se que há uma briosa espécie de cavalos que, perseguidos, quando se vêem demasiadamente excitados têm o instinto de abrir uma veia com os dentes para não rebentarem sufocados. Sinto às vezes vontade de fazer o mesmo: Abrir uma veia e conquistar assim, para sempre, a liberdade"

Goethe. In: O Sofrimento do jovem werther.

sábado, 26 de novembro de 2011


"Quem brincava de princesa acostumou na fantasia"

Chico Buarque. Quem te viu, quem te vê.
"Quando era pequena, tivera vontade intensa de criar um bicho. Mas a tia achava que ter um bicho era mais uma boca para comer. Então a menina inventou que lhe cabia criar pulgas pois não merecia o amor de um cão"

Clarice Lispector. A Hora da Estrela
"Não, não é fácil escrever. É duro quebrar rochas. Mas voam faíscas e lascas como aços espalhados"

Clarice Lispector. A hora da Estrela
"Talvez eu tivesse que me apresentar de modo mais convincente às sociedades que muito reclamam de quem está neste instante batendo à máquina"


Clarice Lispector. A Hora da Estrela. 
"Sim, não tenho classe social, marginalizado que sou. A classe alta me tem como monstro esquisito, a média com desconfiança que eu possa desequilibrá-la, a classe baixa nunca vem a mim"

Clarice Lispector. In: A Hora da Estrela. 

"Aceitar minha liberdade sem pensar o que muitos acham: Que existir é coisa de doido, caso de loucura, porque parece. Existir não é lógico"

Clarice Lispector. A hora da Estrela

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Loucos e Santos




"Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. 
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. 
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. 
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e aguentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças. 
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. 
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que 'normalidade' é uma ilusão imbecil e estéril"

terça-feira, 1 de novembro de 2011

A casa

[...]

Porque a casa que eu não tenho, eu a quero cercada de muros altos, e quero as paredes bem grossas e quero muitas paredes, e dentro da casa muitas portas com trincos e trancas; e um quarto bem escuro para esconder meus segredos e outro para esconder minha solidão.

Pode haver uma janela alta de onde eu veja o céu e o mar, mas deve haver um canto bem sossegado onde eu possa ficar sozinho, quieto, pensando minhas coisas, um canto sossegado onde um dia eu possa morrer.
[...]

Onde eu, que não sei desenhar, possa levar dias tentando traçar na parede o perfil da minha amada, sem que ninguém veja e sorria; onde eu, que não sei fazer versos, possa improvisar canções em alta voz para o meu amor; onde eu, que não tenho crença, possa rezar a divindades ocultas, que são apenas minhas.

Casa deve ser a preparação para o segredo maior do túmulo.

Rubem Braga. A Casa. In: Ai de ti, Copacabana.