sábado, 27 de agosto de 2011

"Mas durmo o sono dos justos por saber que minha vida fútil não atrapalha a marcha do grande tempo. Pelo contrário: Parece que exigido de mim que eu seja extremamente fútil, é exigido de mim inclusive que eu durma como um justo. Eles me querem ocupada e distraída, e não lhes importa como. Pois com a minha atenção errada e minha tolice grave, eu poderia atrapalhar o que se está fazendo através de mim. É que eu própria, eu propriamente dita, só tenho servido para trabalhar"

Clarice Lispector. O ovo e a galinha. In: Legião Estrangeira. 

Um comentário:

Anderson Dias disse...

Clarice é mestre em tratar da alienação do sujeito. "de uma multidão de olhos fechados", que não perturba a ordem do sistema. Quantos não têm apenas o sonho de ter um bom emprego e construir uma família?