"Às vezes lembrava-se de uma assustadora canção desafinada de meninas brincando de roda de mãos dadas - ela só ouvia sem participar porque a tia a queria para varrer o chão. [...] Pálida e mortal a moça era hoje o fantasma suave e terrificante de uma infância sem bola nem boneca. Então costumava fingir que corria pelos corredores de boneca na mão atrás de uma bola rindo muito. A gargalhada era aterrorizadora porque acontecia no passado e só na imaginação maléfica e trazida para o presente, saudade do que poderia ter sido e não foi".
Clarice Lispector. A Hora da Estrela.
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